Antiga fábrica de tecidos, Caxias – MA
Nasci em Caxias (Maranhão), em 29 de junho de 1947. Fui registrado com o nome de Pedro Antônio de Lima Santos, herdando o sobrenome do meu pai.
Em Caxias, na segunda metade dos anos 1950, estudei no Colégio São José e nos Grupos Escolares João Lisboa e Gonçalves Dias.
Ainda relembro os amigos maranhenses de Caxias.
Mas não tenho notícias deles desde o início dos anos sessenta, quando minha família se mudou para o Crato.
Embora perdidos no espaço e no tempo, aqueles amigos existem na minha memória.
Lembro-me deles nas disputadíssimas peladas no adro e no largo da igreja de N.S. dos Remédios; recordo quando empinávamos papagaios e comíamos amêndoas de sapucaia no morro do Alecrim; lembro-me dos passeios ao riacho do Ponte e às águas minerais da Veneza.
Não esqueço, enfim, a minha cidade banhada pelo rio Itapecuru, a Trizidela, o Olho d’Água.
No Crato, no início dos anos 1960, ganhei o apelido de Pelé. Como eu não me achava nem um pouco parecido com o Rei, costumava dizer: - Olha, de Pelé eu só tenho o futebol… Futebol que eu praticava nos rachas, em qualquer hora ou lugar.
Mudamos para o Crato em 1960, quando meu pai João Lima Santos foi transferido para a agência local do Banco do Brasil. Além de nossos pais João Lima e Natinha, viemos com os irmãos Eline e Danilo -já falecidos-, Célia, João, Ana, Luís e Raimunda. Os irmãos Márcia (também falecida), Tasso e Augusto nasceram no Crato.
Bodas de Prata, Xilogravura.
Conclui o segundo grau no Colégio Diocesano do Crato. Ali, fiz muitos amigos que ainda guardo na lembrança e no coração.
Foi no Crato, durante os anos sessenta, no Colégio Diocesano, nas ruas da cidade e nas paisagens da serra do Araripe e do vale do Cariri, que assentei as bases para a minha formação, seja lá o que isso tenha significado.
Colégio Diocesano – Crato-CE
Participei do Grupo de Escoteiros, do Interact e da União dos Estudantes do Crato. Fiz parte do Madrigal Intercolegial.
Guardo boas lembranças da nossa convivência e das nossas apresentações, em Crato e em outras cidades. Também integrei o Jogral Pasárgada, o que me ajudou a sintonizar ainda mais os meus sentidos para a poesia.
Na mesma época (meados dos anos 1960), trabalhei na Rádio Araripe do Crato e, um pouco depois (1967), no Jornal A Ação.
Quando volto ao Crato, é sempre um prazer reencontrar amigos daquela época e os novos.
Foi no Crato, portanto, que, misturado com futebol, natação, coral, jogral, teatro, jornal, movimento estudantil, molecagem e boemia, encontrei amigos, escrevi os primeiros versos, e fiz as primeiras incursões, nem sempre bem sucedidas, ao amor.
Plano Piloto de Brasilia e Lúcio Costa
Depois, em 1968, fui para Brasília. Na UnB, no final do anos 1960, ganhei o apelido de Pedrão.
Ali, vivendo na surpreendente e bela cidade criada por Lúcio Costa e em meio aos elegantes e belos edifícios projetados por Oscar Niemeyer, iniciei, em 1969, meus estudos de Arquitetura e Urbanismo.
Ali aprendi que cada pessoa tem seu próprio sonho feliz de cidade, como diz Caetano Veloso.
Em Brasília, entre 1968 e 1974 -em plena ditadura militar-, também vivi intensamente o sentido da amizade, do companheirismo e da solidariedade.
Logotipo da Universidade
No segundo semestre de 1974, fui para Cali (Colômbia).
Lá, na Universidad del Valle, passaram a me chamar de Pedro de Lima. Isto se deu por causa de uma leitura equivocada do meu nome. Os colegas colombianos acharam que o sobrenome Lima era de meu pai e o Santos de minha mãe.
Logo, grafaram meu nome assim: Pedro de Lima S., conforme o costume hispânico. Daí ficou mesmo Pedro de Lima.
Graduei-me e lecionei (até agosto de 1978) na División de Arquitectura da Universidad del Valle. Lá, vivendo com um povo, uma cultura e uma língua diferentes, com os amigos colombianos, confirmei minha vocação para a docência, para a democracia e para o respeito à diversidade.
Natal-RN
Mais tarde, na segunda metade de 1978, voltei para o Brasil. Depois de procurar trabalho em Brasília e em João Pessoa, vim para Natal.
Foi esta a cidade que, há mais de trinta anos, eu e a companheira Antoniêta, adotamos como nossa.
Aqui conhecemos muitas pessoas e fizemos novas amizades.
Em Natal nasceram nossas filhas Mariana e Joana.
A companheira Antonieta - Flor, esposa e mãe das minhas filhas, Mariana e Joana
(fotos de 1982 e 2004)
Em Natal, trabalhei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Curso de Arquitetura e Urbanismo, contribuindo para sua construção e consolidação, e para a formação de alunos graduados e pós-graduados.
E, trabalhando como professor, fiz mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1989) e doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas, na Universidade de São Paulo (1998).
Por vários mandatos exerci os cargos de Vice-Chefe e Chefe do Departamento de Arquitetura da UFRN. Fui, por diversas vezes, membro do Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFRN e do Conselho do Centro de Tecnologia, além de participar do Conselho Deliberativo da Fundação de Pesquisa e Cultura do Rio Grande do Norte.
Participei do desenvolvimento do cooperativismo na UFRN, especialmente da Cooperativa Cultural Universitária (Livraria), na qual colaborei como Conselheiro, Secretário, Vice-Presidente e Presidente.
Participei da fundação da Cooperativa de Ensino Superior da UFRN e da Cooperativa de Consumo dos Servidores da UFRN.
Fui Secretário da Associação de Professores da UFRN, Secretário Geral e Diretor de Política Educacional e Científica da Associação de Docentes da UFRN, da qual fui fundador. E muito me orgulha registrar que, recentemente, participei ativamente de sua transformação em Sindicato.
Marcas ADURN e APURN
O meio universitário tem sido a minha vida há mais de quarenta anos.
Na universidade vivi minhas alegrias e minhas tristezas. Hoje estou aposentado (desde 2012). Não tenho saudade porque foi na hora certa.
Agora posso continuar a fazer as coisas que gosto sem ter que preencher relatórios burocráticos. Como diria o poeta: foi bom enquanto durou!
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